André Lança ‘Neste formato e nestes moldes’
Exposição de André Lança no dia 22 de Outubro, com curadoria de Pedro Baptista.
Texto de Pedro Baptista
Estas pinturas (o André diz que são desenhos) estão richtadas, têm richtansos no seu método, são imagens richtamentadas. Feitas à maneira de Richter. Estão tão obviamente assombradas pelo fantasma de Gerhard Richter e em menor escala de Luc Tuymans que é quase crime escrever sobre isso. Escreveu-se muita coisa sobre a influência de Richter e de Tuymans nos pintores do hoje em dia, algumas interessantes, a maior parte desinteressantes e não vale a pena cuscar muito sobre isso aqui porque estes trabalhos estão neste formato e nestes moldes, como que arrancadas das páginas de um diário gráfico, como que feitas ao telefone, por brincadeira (sei por facto que ele fez muitos destes trabalhos enquanto trabalhava dentro de um bar). Os fantasmas tornam-se fantasminhas amigos (Casper*) e a coisa trivializa-se, menoriza-se. Aprecia-se a construção de um mundo pessoal através de imagens sem grandes caganças como se amanhã fôssemos ver outra construção de outro mundo pessoal com outras imagens escolhidas de outro artista noutro sítio. Há um prazer perverso em ver uma das figuras maiores da arte contemporânea ser reduzida a um device e há prazer em ver o mundo que o André construiu, com as suas luzes e suas sombras e suas paisagens. É um bom mundo. Estes desenhos (pinturas foda-se) foram seleccionados de entre muitos outros trabalhos nos mesmos moldes e formatos sobretudo pelas relações interessantes que constroem entre si.
*The Friendly Ghost (livro infantil de 1939 e desenho animado de 1945)
André Lança licenciou-se em pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa em 2010. Exposições colectivas incluem Centro Cultural da Nazaré (2010), Foire International du Dessin, Paris (2011), “XVII Galeria Aberta”, Galeria dos Escudeiros, Beja (2011), “NATIO”, Livraria Augusto Sá da Costa, Lisboa (2011).